DTM vs BRUXISMO: UMA CELEUMA SEM FIM
Ontem participei de uma live com a jornalista Elaine Cajuí para tentar esclarecer ao público geral as diferenças de bruxismo, disfunções da articulação temporomandibular e como isso pode acometar crianças e adultos.
Inicialmente falamos sobre o conceito do bruxismo, que é o ranger dentário, durante a vigília e durante o sono. Ele pode ser decorrente de medicações, ambiente, perdas dentárias, mas principalmente a forma como a pessoa lida com o estresse. Alguns trabalhos bastante recentes indicam que há uma correlação interessante entre algumas alterações genéticas observadas em famílias com maior incidência de bruxismo. Estes pacientes, na maior parte dos casos, irá apresentar dores e cansaço nos músculos da face e da cabeça, em horários variados, piora na qualidade do sono, dores cervicais e multiarticulares e eventualmente cefaléias.
Portanto, até o momento, a ciência nos permite inferir que a correlação entre estresse ou ansiedade e o aumento da prevalência de bruxismo é empírica e indireta, o que torna o diagnóstico e abordagem ainda mais complexos. Assim, é fundamental a abordagem por diversos profissionais. Neurologista, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, cirurgião-dentista e/ou cirurgião buco-maxilo-facial, entre outros.
A segunda parte da live falamos um pouco sobre as desordens da articulação temporomandibular (ATM). É a articulação dos movimentos de abertura e fechamento bucal e diferentes doenças podem alterar a morfologia da articulação. Estes pacientes apresentam ou já apresentaram, na maior parte, estalos, ruídos articulares, dores de cabeça, histórias de travamento da boca, limitações de abertura e, eventualmente, outras dores articulares. Nestes casos, o diagnóstico envolve o exame físico e podem ser necessários exames de imagem para avaliar com precisão a ATM.
Na terceira parte falamos sobre o tratamento para adultos e crianças e de forma resumida, nas crianças, a abordagem conservadora é indicada com mais frequência, pois os estímulos do crescimento são prioritários neste momento da vida. Mesmo nos casos de quedas em crianças, o acompanhamento e conduta devem ser cuidadosos para não interferir no crescimento da face que resulte em assimetrias faciais na vida adulta.
Por fim, pudemos concluir que a terapia é única para cada paciente. Bruxismo e alterações articulares NÃO são a mesma doença, e portanto, NÃO devem ter a mesma abordagem. Além disso, os profissionais da saúde envolvidos no tratamento destes pacientes devem seguir os protocolos e recomendações elaborados pelas sociedades nacionais e internacionais, painéis de especialistas e não somente confiar na expertise individual.
Agradeço à Elaine Cajuí pela oportunidade e espero vocês em breve aqui!